À partida para a sua segunda grande volta, João Almeida era
simultaneamente esperança e incerteza. Afinal de contas, o Giro anterior havia
sido algo atípico, com muitas desistências logo nos primeiros dias, e estaria
por confirmar se o jovem luso seria capaz de voltar a afirmar-se numa prova tão
exigente.
A resposta não podia ser mais eloquente. E há que dizer que
João só não chegou mais longe (ao pódio, por exemplo) porque a sua própria
equipa não permitiu, quando, numa decisão altamente questionável face ao que se
via na estrada, mandou o português esperar por um Remco Evenepoel claramente (e
naturalmente) longe da melhor forma.
Ainda assim, vendo-se em 42º lugar a 5,38 logo ao quarto dia,
e mesmo depois de, nos dias seguintes, quase ter parado por duas vezes para
rebocar o belga, João Almeida encetou uma recuperação notável, que o foi
fazendo subir na classificação até ficar a milésimos de segundo do top-5, quase
igualando o resultado final do ano anterior. A dada altura fez lembrar
Agostinho, com as suas recuperações montanhosas após dias difíceis no plano.
Ficou a faltar uma vitória em etapa. Com dois segundos lugares,
um quarto, dois quintos e dois sextos, bem perto ficou. Sobretudo na etapa 17ª,
onde, com mais cem metros, teria certamente ultrapassado Dan Martin.
Uma palavra final para Ruben Guerreiro, que estava a fazer
uma prova extraordinária quando uma queda o forçou a desistir, e para Nélson
Oliveira, que acabou num honroso top-30, depois de, mais de uma vez, ter também
tentado a sua sorte em etapas.