Tudo está bem quanto acaba bem. Este é um adágio que bem poderia aplicar-se ao Tour 2016, tendo em conta que o receio de qualquer acção terrorista não viu, felizmente, confirmação prática, e que a etapa de Paris acabou em festa - como se desejava.
No plano desportivo, duas boas etapas de montanha nos últimos dias (St.Gervais e Morzine) acabaram por resgatar esta edição do fundo do poço onde ameaçava permanecer. Isto não chega para que se considere o Tour 2016 espectacular. Não chega, sequer, para que se deixe de lado o debate a fazer sobre o momento actual do ciclismo, e sobre o que deve ser feito para o melhorar face ao adepto e às audiências. Mas, pelo menos, deixou um pequeno sabor daquilo que poderia ter sido o resto da prova.
Froome ganhou, como era previsto. E se há alguém a quem nada pode ser apontado é precisamente ao britânico, que fez aquilo que dele se esperava. Inclusivamente surpreendeu (na descida para Bagneres de Luchon), e protagonizou momentos para a posteridade (como a subida do Mont Ventoux a pé). Não tem culpa que, lá atrás, ninguém fizesse praticamente nada para o desalojar.
Percebeu-se, nos últimos dias, que Quintana não estava no seu melhor. O que, juntando à queda precoce de Contador, fez desta edição uma sonolenta formalidade burocrática por parte da Sky. Até porque, para quase todos os outros ciclistas do top 10, as suas posições eram já, de algum modo, triunfantes.
Ficam notas positivas para Bardet - pelo que fez em Saint Gervais, mas também por ter sabido manter a regularidade ao longo das três semanas. Também para Yates, Meintjes, e, claro, para Peter Sagan, penta-campeão dos pontos. Mas o maior destaque do Tour 2016 (além de Froome, naturalmente) será talvez o regresso de Cavendish às grandes vitórias, o que deixa água na boca para a próxima edição, tendo em vista o recorde de Merckx.
Entre os portugueses, Nélson Oliveira esteve muito bem nos Contra-Relógios, e Rui Costa atacou sempre que pôde, embora sem grande felicidade. Veremos se no Rio surge a sorte que agora faltou.
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