28.7.15

VOLTA A PORTUGAL - lendas

 JOSÉ MARIA NICOLAU (1931 e 1934)
Nasceu no Cartaxo, a 15 de Outubro de 1908. Com 21 anos ingressou no Benfica, tornando-se o símbolo máximo do ciclismo encarnado. Ficaram famosos os duelos com Alfredo Trindade (da mesma região), que, na alvorada dos anos trinta, acenderam a rivalidade entre os dois emblemas lisboetas. Era uma força da natureza, contrastando com a morfologia mais franzina do seu grande rival. Faleceu em Agosto de 1969. Está destacado no Museu Cosme Damião como uma das grandes figuras da história do Benfica. Venceu as Voltas de 1931 e 1934, ficando em segundo lugar em 1932.

 ALFREDO TRINDADE (1932 e 1933)
Nasceu em Valada do Ribatejo, a 3 de Janeiro de 1908. Representou o Sporting, mas foi numa breve passagem pelo Clube Rio de Janeiro que, em 1932, venceu pela primeira vez a Volta a Portugal. Regressou ao Sporting e voltou a vencer no ano seguinte. Mais tarde representaria ainda os Leões de Ferreira do Alentejo. Os duelos com Nicolau ficaram míticos, numa altura em que, sem televisão, o ciclismo era a única modalidade a chegar às populações do interior. Embora se tornasse uma referência na história do ciclismo do Sporting, chegou a treinar a equipa do Benfica, nos anos sessenta. Morreu a 15 de Outubro de 1977. Para além das vitórias em 1932 e 1933, registou ainda um segundo lugar em 1931.

JOSÉ ALBUQUERQUE (1938 e 1940)
Nasceu em Mangualde, a 20 de Setembro de 1916. Representou o Campo de Ourique e o Sporting. Era conhecido por "Faísca". Em 1961 viu mulher e filhos serem barbaramente assassinados em Angola. Mergulhou na dor e no álcool, falecendo atropelado na sua terra natal, no início dos anos oitenta. Venceu as Voltas de 1938 e 1940.

JOSÉ MARTINS (1946 e 1947)
Nasceu em Paderne a 20 de Fevereiro de 1920, e representou as equipas do Iluminante e do Benfica, vencendo uma Volta por cada uma delas, em anos sucessivos, terminando a carreira ao serviço do Sporting.  Além das duas vitórias, foi segundo classificado em 1945, e duas vezes quarto classificado. Foi três vezes campeão nacional. Filho de emigrantes, era conhecido pelo "Martineau". Faleceu em Lisboa, a 6 de Fevereiro de 2011.

DIAS DOS SANTOS (1949 e 1950)
Nasceu em Fânzeres, a 23 de Junho de 1922, iniciou a carreira no Sporting, enquanto cumpria o serviço militar na Marinha em Lisboa, mas foi aos serviço do FC Porto que venceu as duas Voltas consecutivas, 1949 e 1950. Terminou a carreira no Brasil, onde viria a falecer a 13 de Junho de 1986. Foi joalheiro, e tem o nome de uma rua na sua terra natal.

RIBEIRO DA SILVA (1955 e 1957)
Nasceu em Lordelo, a 16 de Fevereiro de 1935. Passou quase toda a carreira ao serviço do Académico do Porto, equipa pela qual ganhou as duas Voltas (1955 e 1957), para além de um segundo lugar em 1956. Foi o grande rival de Alves Barbosa. Teve participações internacionais brilhantes na Vuelta (4º lugar) e no Tour (25º em 1957), chegando a ser apelidado pelo jornal L'Equipe como "o português voador". Morreu aos 33 anos, vítima de um acidente de moto, quando ainda tinha muito para dar ao ciclismo.


ALVES BARBOSA (1951, 1956 e 1958)
Nasceu na Figueira da Foz, a 24 de Dezembro de 1931. É considerado o melhor ciclista português dos tempos pré-Agostinho. Participou em quatro Voltas a França (chegou a fazer top-dez, com um 10º lugar em 1956) e três Voltas a Espanha. Ganhou a Volta a Portugal em 1951, 1956 e 1958. Além das três vitórias na Volta, regista igualmente um terceiro lugar, em 1955. Representou o Sangalhos, sendo mais tarde treinador do Benfica, e também seleccionador nacional. Tem agora 83 anos.

PEIXOTO ALVES (1965)
Nasceu em Soutelo, no Minho, a 23 de Maio de 1941. Começou a carreira no FC Porto, passou pelo Aldoar, mas foi no Benfica que venceu a Volta de 1965. De camisola encarnada, conseguiu ainda dois segundos lugares e um terceiro, triunfando em nove etapas, sendo um dos melhores ciclistas portugueses da década de sessenta. Foi campeão nacional, participou em três Vueltas, dois Mundiais, e numa Volta a França do Futuro. Abandonou a carreira cedo, aos 25 anos.

JOAQUIM AGOSTINHO (1970, 1971 e 1972)
Nasceu em Torres Vedras, a 17 de Abril de 1943. É a figura maior da história do ciclismo português, e figura de relevo no ciclismo internacional da sua época. Foi descoberto por João Roque já com 26 anos, idade tardia em que iniciou a carreira. Correu pelo Sporting, em Portugal, e por várias equipas espanholas e francesas (Frimatic, Hoover, Magniflex, Bic, Teka, Flandria, Puch e Sem), fez dois pódios no Tour (1978 e 1979), onde ficou oito vezes no top-dez e venceu várias etapas (entre elas o Alpe d'Huez). Alcançou um segundo lugar na Vuelta (1974), e também participou no Giro. Foi seis vezes campeão nacional. Além das três vitórias consecutivas na Volta a Portugal (1970, 1971 e 1972), conseguiu um segundo lugar em 1968. Em 1969 e 1973 terminou na frente, mas foi desclassificado por controlo anti-doping positivo. Ou seja, na estrada, em seis participações ficou uma vez em segundo, e cinco em primeiro. Pretendia terminar a carreira no Tour de 1984, com uma equipa do Sporting feita em seu redor. Na preparação estava incluída a Volta ao Algarve, onde rapidamente conseguiu a camisola amarela. Na chegada a Quarteira, um cão atravessou-se na estrada. Caiu mal, batendo com a cabeça no chão. Ainda chegou à meta amparado por dois companheiros. Já no hotel entrou em coma. Faleceu uma semana depois, a 10 de Maio de 1984, inundando o país de dor.

FERNANDO MENDES (1974)
Nasceu em Rio Meão, em 1949, vindo a morrer de forma trágica, abalroado por um comboio, em Paços de Brandão, aos 55 anos. Foi o grande rival de Joaquim Agostinho, com quem manteve uma espécie de Benfica-Sporting a fazer lembrar os tempos de Nicolau e Trindade. Porém, o seu palmarés acabou por ficar ofuscado pelo grande Tino - de quem era amigo. Ganhou a Volta de 1974, a primeira após a revolução, e disputada em clima de grande efervescência social e política. Ficou duas vezes em segundo, e uma em terceiro. Viria a representar também o FC Porto, entre outras equipas nacionais e estrangeiras (Flandria, Kas e Frisol). Na Volta de 1978 acabou desclassificado por doping, quando tinha alcançado a camisola amarela na estrada. Teve uma carreira internacional de sucesso, com quatro participações no Tour (18º em 1973), uma no Giro (17º em 1976), e cinco na Vuelta (com um brilhante 6º lugar em 1975). Foi campeão nacional e ganhou uma Volta à África do Sul.

MARCO CHAGAS (1982, 1983, 1985 e 1986)
Nasceu no Cartaxo, a 19 de Novembro de 1956. Correu pelo Sporting, pelo FC Porto, e por outras equipas, tais como: Costa do Sol, Águias Clock, Lousa Trinaranjus, Mako Jeans, Louletano e Orima Cantanhede. Era um rolador por excelência, defendendo-se na montanha, e ganhando vantagem nos contra-relógios. Em 1980 acompanhou Agostinho no Tour, ao serviço da equipa Puch, ficando em 44º lugar. Em 1984 voltaria o Tour, com o Sporting, mas já sem Agostinho, terminando em 77º. Também participou na Vuelta. Venceu a Volta a Portugal por quatro vezes (1982, 1983, 1985 e 1986), batendo na altura o recorde de Agostinho e Barbosa. Venceu 22 etapas da prova lusa. Em 1979 e 1987 foi desclassificado por doping, depois de ter terminado a prova de amarelo. Em 1984 também estava na liderança, quando controlou positivo, perdendo então para Venceslau Fernandes. É actualmente comentador de ciclismo da RTP.

JOAQUIM GOMES (1989 e 1993)
Nasceu em 21 de Novembro de 1965 em Lisboa, e iniciou a carreira no Sporting. Passou depois por Louletano, Sicasal, Lousa, Boavista e LA. Ganhou as Voltas de 1989 e 1993, fazendo segundo lugar em 1990, e terceiro em 1988, 1992, 1994 e 1997, sendo o ciclista que mais vezes ficou no pódio da prova. Ganhou dez etapas, e foi duas vezes campeão nacional. Era um trepador nato, ficando famosas algumas das suas exibições na Serra da Estrela e na Senhora da Graça. É director da Volta a Portugal desde 2009.

ORLANDO RODRIGUES (1994 e 1995)
Nasceu em Torres Vedras, a 21 de Outubro de 1969. Demonstrou enorme qualidade no pelotão português da sua altura, vencendo as Voltas de 1994 e 1995, e ficando em segundo lugar nas de 1991 e 1998. Foi campeão de estrada em 1994. O seu palmarés nacional ficou por aqui, pois rapidamente seguiu para o ciclismo espanhol, onde realizou duas temporadas ao serviço da Artiach, e cinco ao serviço da grande equipa da Banesto, chegando a trabalhar como escudeiro do lendário Miguel Indurain. Participou em quatro Tours, três Giros e sete Vueltas (onde fez um 14º lugar), bem como em duas Olimpíadas (Atlanta e Sidnei) e quatro Mundiais. Esteve perto de vencer uma etapa no Tour, sendo ultrapassado na linha de meta pelo seu companheiro de fuga. Foi ainda director desportivo do Benfica, em 2007 e 2008.

VÍTOR GAMITO (2000)
Nasceu em Lisboa, a 21 de Abril de 1970, e marcou a década de noventa do ciclismo português. Mais do que a vitória por fim alcançada na Volta de 2000, foram os vários segundos lugares (1993, 1994, 1996 e 1999) que o foram tornando conhecido dos adeptos como uma espécie de Poulidor luso. Grande contra-relogista, representou Sicasal, Troiamarisco, Porta da Ravessa, Maia, Cantanhede e LA. Correu também nas equipas espanholas da MX Onda e Estepona, nos anos de 1996 e 1997, conseguindo um 13º lugar na Volta à Andaluzia. Participou em duas Vueltas, mas nunca terminou, e nos Jogos Olímpicos de Sidnei. Foi campeão nacional e fez BTT. Depois de doença cardíaca, que o afastou da competição em 2004, voltou, aos 44 anos, para disputar a Volta de 2014.

 DAVID BLANCO (2006, 2008, 2009, 2010 e 2012)
Nasceu a 3 de Março de 1975 na Suíça, mas é galego de sangue, residindo em Santiago de Compostela. Fez grande parte da carreira em equipas portuguesas, tais como Paredes, ASC, Porta da Ravessa, Tavira e Efapel. Mas também correu no seu país, ao serviço da Geox (com Carlos Sastre e Denis Menchov), da Kelme e da Comunidad Valenciana. Participou em três Vueltas (ficando em 10º em 2004), e num Giro. Alcançou o recorde de cinco vitórias na Volta a Portugal, à mercê de uma superioridade demonstrada, quer nas montanhas, quer nos contra-relógios. É o nome grande da última década da prova.

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