12.9.16
A MELHOR VUELTA DE SEMPRE?
NAIRO QUINTANA
Apresentou-se mais forte do que nunca, juntamente com a sua equipa. O colombiano já conhecia o sabor de vencer uma grande volta (venceu o Giro 2014), mas esta Volta a Espanha, devido aos adversários e adversidades que teve de combater, tem um sabor especial para ele. Com esta vitória torna-se no melhor ciclista do seu país de todos os tempos e supera o feito do compatriota Luis Herrera (vencedor da Vuelta 1987) ao vencer Giro e Vuelta. Apenas lhe falta o Tour. Estará guardado para 2017?
CHRIS FROOME
Protagonizou o grande duelo desta edição da Vuelta. Apesar da perder para Nairo Quintana, o britânico atacou a liderança do colombiano e nunca baixou os braços. Fica a imagem do vencedor do Tour a bater palmas ao novo vencedor da Vuelta, na penúltima etapa, quando tentou vencer mas o seu adversário foi forte demais.
ESTEBAN CHAVES
Atacou o pódio em Aitana e conseguiu algo inédito na história: dois colombianos no pódio de uma Grande Volta.
CRONOLOGIA DA VUELTA 2016
ETAPA 10 (29/08/16): Quintana vence nos Lagos de Covadonga, ganha tempo a Froome, e fica na liderança da prova.
ETAPA 11 (31/08/16): Quintana resiste aos ataques de Froome, que acabaria por vencer a etapa.
ETAPA 15 (04/09/16): Froome perde quase 3 minutos para Quintana.
ETAPA 19 (09/09/16): Froome vence contra-relógio e relança a luta pela Geral.
ETAPA 20 (10/09/16): Quintana segura a vitória na Vuelta ao resistir às tentativas de Froome.
TOP 10
VENCEDORES DAS VÁRIAS CLASSIFICAÇÕES
ETAPA A ETAPA
5.9.16
A VUELTA É UMA LIÇÃO
O facto de o calendário ciclista coincidir, em larga medida, com período de férias, perturba um acompanhamento próximo, neste espaço, daquilo que vai sendo a evolução das várias competições velocipédicas nacionais e internacionais.
Ainda vamos a tempo, porém, de falar da Vuelta. E que Vuelta!
Na verdade, a competição espanhola tem dado uma lição às suas congéneres - falo, sobretudo, da Volta a França -, sobre como fazer de uma prova de três semanas um espectáculo constante e reiterado, dia após dia, etapa após etapa.
É óbvio que a Sky não tem, em terras espanholas, o poderio que exibiu em França. Mas não é essa, creio, a principal razão de a Vuelta ser bem mais espectacular que o Tour, o que, longe de ser a primeira vez que acontece, está, pelo contrário, a tornar-se cada vez mais um padrão.
Independentemente de concordar - e concordo - com as propostas tendentes à redução do número de corredores por equipa (por mim, seriam sete, ou mesmo seis), o que faz da Vuelta um verdadeiro manjar dos deuses para os amantes da modalidade é o seu traçado.
Não é preciso ser muito perspicaz para concluir que a ideologia de Christian Prudhomme, de encher o Tour com etapas insípidas de media montanha, sem chegadas em alto, está a tornar a prova francesa cada vez mais enfadonha. Tourmalets a meio de etapas, com 50 quilómetros de recuperação posterior, desincentivam ataques, e tornam a corrida mais fácil de controlar por equipas fortes como a Sky (no presente), uma qualquer US Postal (no passado), ou outra potência dominante (no futuro).
Pois a Vuelta é todo o contrário. Chegadas em alto dia após dia, que, mesmo quando curtas, e após jornadas mais ou menos planas, proporcionam grandes espectáculos. Com ganhos e perdas de tempo, quem fica para trás é obrigado a atacar nos dias seguintes, e assim se faz uma grande corrida de três semanas. Poderia haver mais um ou dois sprints (e num Tour, tal não só faria sentido, como seria obrigatório). Mas quanto a tudo o resto, a Vuelta é uma lição e um exemplo a seguir em França e em Itália. Mesmo se, à entrada para a terceira semana, o vencedor está quase anunciado.